segunda-feira, 5 de novembro de 2007

"Olha lá... esse cão é teu?"

No sábado, eu e o meu amigo JP fomos aproveitar um pouco do sol de inverno para jogar à bola na Lagoa. Não contava era que durasse tão pouco tempo a diversão. E não foi pelo facto de a partir das 17 horas já começar a fazer algum frio.

Um cão decidiu estragar a festa e somente com uma dentada esvaziou a bola.
Ao longe ouvia alguém chamar por ele. Quando o cão se foi embora tudo parecia estar bem. De repente o JP aproxima-se de mim a dizer que a bola estava um bocado vazia. Agarrei nela e procurei pelo cão. Andámos mais de 100 metros até que arrisquei perguntar de uma forma seca a um rapaz que estava a praticar skimboarding:
- “Olha lá... esse cão é teu?”
- “Sim”, respondeu ele decerto já a pensar que o cão tinha feito asneira.
Aproximando a bola da cara dele disse:
- “O teu cão furou-me a bola... Vê aqui o buraco”.
Assustado, segundo o testemunho do JP, levantou a prancha, talvez para se defender. Depois de alguns segundos de silêncio disse:
- “Pois, se calhar vou ter de te pagar a bola. Não sabes quanto custa?...”
- “16 euros”, disse de imediato lembrando-me que a tinha comprado há 2 meses.
- “Pois, eu só tenho uma nota de 20 euros. Vão ficar por aqui mais algum tempo?”
Devia ter respondido que não, já que a partir daí a diversão acabara. No entanto, disse-lhe que ainda ficaria por um bocado e fomos para as toalhas, mas sempre de olho nele.
Quando se preparava para ir embora comecei a olhar fixamente para ele como que quem diz “se pensas que te vais embora sem dizer nada está muito enganado”. Acho que não foi impressão minha mas após alguns passos na nossa direcção, de repente desviou um passo em direcção à saída da praia. De imediato redobrei a força no olhar, de tal modo que ele nem pensasse encetar a fuga como se de nada se tratasse.

A partir daí foi uma série de engolimentos em seco para não me chatear. Desde a história de que não tinha dinheiro trocado e que não tinha lata de perguntar às pessoas em redor se podiam trocar a nota, até dizer que se lhe dessem troco em notas de 5 só me dava 15 euros e que já era bom, até dizer que eventualmente podia dizer que o cão não era dele e que (a melhor!) podia remendar a bola como quem remenda uma câmara de ar de uma bicicleta.

Felizmente tudo correu bem e no final o JP vira-se para mim e diz: “Pá, foste muito agressivo com ele!”. Não tive essa sensação mas imaginem só o que não aconteceria se eu não estivesse calmo.

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