segunda-feira, 14 de abril de 2008

Call it, friendo!

" No Country for Old Men" é um thriller sobre um assassino que dá origem a uma onda de violência que atravessa o Texas dos anos 80.

Llewelyn Moss (Josh Brolin) depara-se com o cenário devastado de uma venda de droga que terminou com a morte dos intervenientes. No meio do deserto, uma mala com 2 milhões de dólares é uma tentação irresistível. No rasto dessa mala encontra-se Anton Chigurh (Javier Bardem), um assassino a soldo muito (demasiado) dedicado ao seu trabalho, e Carson Wells (Woody Harrelson), um caçador de prémios a mando de um investidor. Percebendo que Chigurh se encontra no seu encalço, Moss tenta proteger a sua mulher Carla Jean (Kelly Macdonald) e foge para o México. Nas pistas da carnificina provocada pela botija de ar comprimido que Chigurh usa está o Xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones).



“No Country For Old Men”, do livro de Cormac McCarthy, consegue, através de uma história simples, ter um olhar negro sobre a imprevisibilidade da vida, a transitoriedade dos seus elementos e a aleatoriedade da violência.

No melhor do filme está Chigurh, a personagem de Javier Bardem (nota 10!), espalhando caos por onde passa. O seu sangue frio e calculismo não são exactamente cínicos. Ele apenas se rege por uma moral diferente da da sociedade e é isso que lhe permite ser uma eficiente máquina de matar. Na sua percepção nada é mais natural do que decidir a vida ou morte com o lançar de uma moeda. Apesar de custa aceitar a possibilidade do humano numa criatura assim, Bardem cola-nos ao ecrã e faz-nos suster a respiração ansiando por alguma palavra, por um gesto ou pelo próximo passo.



Enquanto Chigurh não consegue resistir ao seu impulso de ser simultaneamente juiz e carrasco para as leis que ele mesmo definiu, Moss, com alguma ingenuidade, não consegue resistir à força da sua consciência para com outros seres humanos. Algures a meio caminho, está a personagem de Tommy Lee Jones, desacreditado e incrédulo, sentindo-se demasiado velho para fazer face a uma forma de crime que não compreende.

"Este País Não é Para Velhos" foi nomeado para oito Óscares, vencendo quatro: melhor filme, melhor realizador, melhor actor secundário e melhor argumento adaptado.

Na minha opinião este filme merece uma nota 8,5 em 10 valores, sendo que a representação de Javier Bardem merece a nota máxima: um 10!

Resta perceber como se pode acabar um filme da maneira que foi. Por momentos pensei que era intervalo e recusei-me a aceitar que fosse mesmo o fim do filme. Deixo a questão: terá Chigurh (Javier Bardem) direito a uma sequela à maneira de Hannibal Hector (Anthony Hopkins) ou do Padrinho Don Vito Corleone (Marlon Brando)?

Despeço-me com um “Call it, friendo!”.

1 comentário:

perdigota disse...

Em primeiro lugar, peço desculpa por me estar a intrometer no seu blog, mas não resisti a comentar. Concordo plenamente consigo, a actuação de Javier Bardem é absolutamente sublime, eu gostei bastante deste filme, achei uma pérola num panorama de cinema actual que por vezes deixa (muito) a desejar. Quanto ao final do filme, a minha reacção foi similar à sua, um misto de "isto acaba assim" com "então e o resto?". Mas depois lembrei-me que, afinal, é um filme dos irmãos Cohen e tudo ficou mais claro na minha mente :).
Espero que continuem a fazer bons filmes!