terça-feira, 7 de junho de 2005

Caso Campos e Cunha

Sou um bocado suspeito ao falar deste Senhor que foi reitor da minha faculdade.
No entanto, face aos acontecimentos gerados na comunicação social, não poderia deixar passar este caso.
A situação é a seguinte: um ministro que nos tenta passar a moralidade ao anunciar medidas de austeridade com vista a sanear as contas públicas deste nosso pobre Portugal.
Diz-se que é imoral que o ministro das Finanças aufira, juntamente com o salário de ministro, uma pensão milionária.
Mas vamos por partes.
Essa pensão é-lhe por direito concedida pelo trabalho prestado como Vice-Governador do Banco de Portugal, tendo aí exercido funções 5/6 anos.
É imoral que ao fim de 5/6 anos de trabalho uma pessoa tenha direito a uma pensão... e, ainda para mais, milionária?
À luz da lei não é.
Não é, portanto, o ministro que é imoral, mas sim a lei que permite que situações desta ocorram.
É uma lei imoral aos olhos dos cidadãos que têm de trabalhar até aos 65 anos ou ter 36 anos de serviço e no fim receber pensões de miséria.
Mas é imoral que o ministro apesar de estar a exercer funções e a receber um salário acumule também o recebimento de uma pensão?
Agora podemos virar o tabuleiro ao contrário. O que seria de muitos pensionistas se à sua miserável pensão não a complementassem com os chamados “biscates”?
Estaremos a tapar o sol com a peneira... ou estaremos todos com inveja?
A situação parece de facto imoral, mas é legal!
O ministro está dentro da lei, portanto se existe imoralidade ela reside na lei e não na pessoa do Sr. Ministro que apenas se limita a cumprir a lei.
Mas então as leis são imorais?
Que país é este que aprova leis imorais?
Alguém se importou quando foi aprovada?
Estaríamos todos viciados pelo fumo da sociedade que só agora que estamos a tossir compulsivamente e com os pés para a cova nos apercebemos que há imoralidade na nossa sociedade?
Parece-me que esta sociedade necessita de um bode expiatório para descarregar toda a sua frustração e indignação pelos sucessivos anos de desgoverno da nossa jovem democracia, que em vez de se fortalecer parece dar cada vez mais pontos ao fascismo!

2 comentários:

Anónimo disse...

O pior não será propriamente o facto de ser discutível se estamos perante ilegalidade ou imoralidade...caro Tiago são as duas coisas, pois quem fez deliberação sobre o diploma que conferia aos vice-governadores essas pensões astronómicas, foi o próprio Campos e Cunha!!!
Também é verdade que qualquer tuga adoraria ter uma pensão de 116 000 euros ano, para comprar mais uns carapaus e beber mais umas jolas nos intervalos dos jogos da selecção, porém, poupem-me por favor, pelo menos exercendo cargos de Ministro das Finanças deveria e suspender este recebimento....é que o culpado foi José Sócrates, pois este prometeu aos portugueses mundos e fundos sabendo de antemão como estavam as contas públicas, pois não era necessário o amigo Constâncio vir dizer que isto estava mal....que me lembre nunca se ofereceu para nos elucidar de qual era a profundidade do "pântano" em que o meu conterrâneo Guterres nos deixou (já agora, esse que ajuda os refugiados, daqui a uns anos veremos o valor da sua reforma das nações unidas....é ser socialista:p:p,). Como Sócrates (o filósofo grego) disse que não poria portagens das autoestradas, que não seria necessário aumnetar impostos e que tudo se resolveria com um badalado choque tecnológico (os computadores lá do ISCTE continuam os mesmos...), então se calhar pensou que poderia ter um ministro das Finanças com 49 anos a receber pensões de 5 anos de trabalho "duro no BP (o Prof. Sebastião deu-me aulas de Bancos e é vice do BP, agora não se faz lá nada, apenas se emitem relatórios e se pede moeda ao Banco Central, pois desde a entrada do Euro, já nem se pode mexer com a política monetária), auferindo assim em média 16000 euros/mês....pois quer adiantar o períodod de idade de reforma ( tem 49 anos) e acabar com es reformas antecipadas (ele tem alguma doença que se conheça e que o impeça de trabalhar, também não me parace. Assim, concluo, a lei é imoral porque alguém a fez imoral para depois poder ususfruir dela....lembram-se das noticias das declarações de rendimentos de Luis Nobre Guedes????460 000 euros só em 2004, pois mas era tudo por sua conta, não havia dinheiros públicos ao barulho e muito menos pensões de 116000 euros.....vale a pena pensar nisto!!!!! Parabéns pelo blog tiago

Gato das Botas disse...

Sou trabalhador público, e por isso suspeito de falar neste assunto à luz das recentes notícias, mas falo com a consciência tranquila de quem, juntamente com os meus caríssimos colegas, está nesta situação por mérito próprio.

Se me dessem 116000€/ano até ao fim da minha vida gostava, pois claro que gostava. Mas estranhava. Estranhava porque sei que não fiz nada para merecer isso. Pergunto-me se o Sr. Campos e Cunha já pensou nisso... ele e os outros.

Eu não vou discutir a legalidade desta e de outras pensões e abonos que tais (para quê, são legais não são?), nem a imoralidade das mesmas (ver linha anterior). Esses são os pontos em que todos nós concordamos (ou não, o Sr. Campos e Cunha e ou outros pelos vistos não).

Para mim, a face mais perversa disto tudo é que se não fosse agora esta história do deficit e dos novos sacrifícios ninguém sabia nem queria saber disto. Aliás basta perguntar aos nossos amigos da TVI o que dá mais audiência: Quinta das Celebridades (Quem?) ou debates sobre o deficit; caso Casa Pia ou caso Fátima Felgueiras (ainda alguém se lembra que a mulher fugiu para o Brasil?); Prós e Contras ou Fiel e Infiel (dispensa comentários).

Quanto ao resto digo, com toda a sinceridade, que nunca acreditei que os impostos não iam subir. Acreditava que talvez as SCUTS continuassem à borlix mas pelos vistos enganei-me... eu e eles. Os outros foram só enganados.

Quem é que vocês acham que vai ficar pior:
O Zé-povinho com o IVA a 21% e a contenção salarial ou o Sr. Campos e Cunha sem a sua pensãozita?

10 milhões de portugueses já sabem a resposta. E tu Sócrates?